A versão desportiva do Shou Bo: respeito e não violência
Autor: mestre Zumou Yuan
O Shou Bo moderno (现代手搏) deverá ser inscrito num outro enquadramento, de carácter mais educativo, susceptível de responder à perspectiva de uma sincera representação dos valores desportivos e de fair-play de uma disciplina de combate chinesa. A orientação do Shou Bo moderno é fundamentalmente da não violência e as qualidades de prática que ela requer (velocidade, leveza, inteligência, habilidade, tática, estratégia...) incarnam uma reflexão que espelha justamente o espírito chinês da adversidade e respeito pelo outro, do duelo
desportivo saudável e estruturante.
Os competidores, vestidos com um equipamento idêntico ao da luta tradicional chinesa (Shuai Jiao), de um par de luvas que permite agarres efetivos (dedos afastados com espaço interdigital livre), proteções adequadas (coquilha, protetor de tíbias, protetor de peito para as mulheres...) evoluem no combate podendo
combinar preensão e percussão.
A utilização dinâmica de distâncias de oposição e alternância dos agarres veiculam uma dimensão ludo-desportiva particular. As combinações de deslocamentos, de pontos particulares de agarres no uniforme (mancha, gola, de
reverso, etc...), da aplicação da força (puxar, empurrar, parar, sacudir, reverter...) em certos ângulos de ataque, permitem a utilização de estratégias suscetíveis de destabilizar e desequilibrar o adversário.
De assinalar também que a orientação dada à atribuição de pontos (valor mais ou menos importante) de acordo com as técnicas empregues pelos competidores durante os encontros, resulta precisamente numa dinâmica espetacular de combates.
A simples regra penalizadora de que mais nenhuma parte do corpo a não ser os pés pode tocar no chão, permite um envolvimento menos confuso, mais refletido e elegante por parte parte dos protagonistas da competição.
Como numerosos experts de origem chinesa que consagraram grande parte das suas vidas às artes marciais, encontro-me bastante apegado aos fundamentos filosóficos da minha cultura (confucionismo, budismo e taoismo) e ao vetor educativo que as artes marciais veiculam e representam, tanto na sua componente de autodefesa, como educativa e desportiva.
Relativamente a esta última, desejo que exista um retorno aos valores saudáveis e estruturantes do desporto.
Li que o francês Pierre de Coubertin, renovador dos Jogos Olímpicos modernos, declarou que o estado de espírito do desporto deverá ser impregnado de humanismo e fraternidade, fazendo eco a certos grandes princípios que fundamentam a prática, bem guiada, das artes marciais chinesas.
Mestre Yuan Zumou
(traduzido por Rolando Martins)
O Shou Bo moderno (现代手搏) deverá ser inscrito num outro enquadramento, de carácter mais educativo, susceptível de responder à perspectiva de uma sincera representação dos valores desportivos e de fair-play de uma disciplina de combate chinesa. A orientação do Shou Bo moderno é fundamentalmente da não violência e as qualidades de prática que ela requer (velocidade, leveza, inteligência, habilidade, tática, estratégia...) incarnam uma reflexão que espelha justamente o espírito chinês da adversidade e respeito pelo outro, do duelo
desportivo saudável e estruturante.
Os competidores, vestidos com um equipamento idêntico ao da luta tradicional chinesa (Shuai Jiao), de um par de luvas que permite agarres efetivos (dedos afastados com espaço interdigital livre), proteções adequadas (coquilha, protetor de tíbias, protetor de peito para as mulheres...) evoluem no combate podendo
combinar preensão e percussão.
A utilização dinâmica de distâncias de oposição e alternância dos agarres veiculam uma dimensão ludo-desportiva particular. As combinações de deslocamentos, de pontos particulares de agarres no uniforme (mancha, gola, de
reverso, etc...), da aplicação da força (puxar, empurrar, parar, sacudir, reverter...) em certos ângulos de ataque, permitem a utilização de estratégias suscetíveis de destabilizar e desequilibrar o adversário.
De assinalar também que a orientação dada à atribuição de pontos (valor mais ou menos importante) de acordo com as técnicas empregues pelos competidores durante os encontros, resulta precisamente numa dinâmica espetacular de combates.
A simples regra penalizadora de que mais nenhuma parte do corpo a não ser os pés pode tocar no chão, permite um envolvimento menos confuso, mais refletido e elegante por parte parte dos protagonistas da competição.
Como numerosos experts de origem chinesa que consagraram grande parte das suas vidas às artes marciais, encontro-me bastante apegado aos fundamentos filosóficos da minha cultura (confucionismo, budismo e taoismo) e ao vetor educativo que as artes marciais veiculam e representam, tanto na sua componente de autodefesa, como educativa e desportiva.
Relativamente a esta última, desejo que exista um retorno aos valores saudáveis e estruturantes do desporto.
Li que o francês Pierre de Coubertin, renovador dos Jogos Olímpicos modernos, declarou que o estado de espírito do desporto deverá ser impregnado de humanismo e fraternidade, fazendo eco a certos grandes princípios que fundamentam a prática, bem guiada, das artes marciais chinesas.
Mestre Yuan Zumou
(traduzido por Rolando Martins)